quarta-feira, 11 de março de 2015

Oportunismo de congressistas?

E eis que nos deparamos com o maior descalabro desde a ascensão de Marco Feliciano à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Ok, concordo que o que não nos falta são motivos pra chorar sangue no que tange ao debate de políticas específicas a nós, LGBTs, mas alçar Eduardo Cunha ao terceiro posto mais alto da nossa república é desdenhar das minorias e atacar brutalmente os direitos individuais.
             Cunha coleciona uma série de polêmicas envolvendo minorias e é categórico ao se posicionar contra quaisquer avanços da cidadania LGBT, propondo, inclusive, a bizarra lei que criminaliza a “heterofobia”, afirmando que se sente discriminado por homossexuais – tadinho!. E não era de se espantar que isso ocorresse. Basta que entendamos que existe um exército marchando contra nós e pronto a nos aniquilar. E essa armada tem nome: A bancada fundamentalista, da qual Cunha faz parte. É esse o grupo responsável por atravancar os projetos de leis que nos ponham em pé de igualdade com heterossexuais. Cunha não hesitou em defender suas ideias conservadoras e atacar o que ele chamou de “gays, abortistas e maconheiros”, numa clara tentativa de deslegitimar as causas e embolarem-nas em um mesmo mafuá.
 
Fonte: Internet
 
Como se todo esse circo não fosse o suficiente, nos deparamos essa semana com os Gladiadores do Altar, uma espécie de exército criado pela Igreja Universal do Reino de Deus com a finalidade de defender os dogmas da igreja. Isso é um claro exemplo de que ordinários mostram as garras quando recebem respaldo do governo. Respaldo esse, dado mais que diretamente com a eleição do Eduardo Cunha para presidente da Câmara Federal. Não pensem ser mera coincidência a criação desses grupos logo agora. Isso é fruto da disseminação da ideia de que o preconceito está amparado pelo legislativo (representado na figura de Cunha) e que a externalização dessas ideias não gerará consequências. Política arraigada à religião é inconstitucional. Pessoas que se valem da religião pra cuspir seus preconceitos não passam de covardes adestrados. Uni-vos gays, lésbicas, trans, negros, mulheres, religiões de matrizes africanas e todas as minorias porque esse exército fascista marcha contra vocês. Marcha contra nós. Marcha contra a liberdade. Somos todos parte de uma mesma luta. A luta pelo direito de exercer nossa identidade social, pessoal e política como bem entendamos sem nos gerar nenhum tipo de dano.

Fonte: O Globo
   Há pouco a NOSSA comissão, CDHM, sofreu um sorrateiro golpe. Após obterem consenso em torno do nome de Paulo Pimenta (PT-RS) para a presidência, os fundamentalistas se organizaram, rasteiramente, lançaram um nome avulso e se posicionaram prontos para tomar esta comissão mais uma vez.   Não preciso explicar o porquê esta comissão não se alinha à linha de pensamento desses indivíduos. Como o nome já diz, ela deveria tratar dos direitos da pessoa humana e das minorias. A última mesa não serviu ao propósito. A próxima ruma no mesmo caminho.
               Pressionem seus deputados, pois uma nuvem negra paira sobre o nosso Congresso e ameaça acabar com os poucos direitos já conquistados por nós. Mostrem a eles o desserviço que prestam às minorias permitindo que sujeitos maldosos e nada comprometidos com a nossa causa assumam cargos nesta mesa. Posicionem-se e unam-se. A nós, à luta. A eles, a derrota. NÃO PASSARÁ!

sábado, 7 de março de 2015



Na última quinta-feira começou minha parceria com o blog www.faroestemanolo.com.br. Devido ser um dos assuntos que mais tem me indignado ultimamente, comecei por falar sobre a realidade das travestis brasileiras. Segue o texto na íntegra e o vídeo em que a, já famosa, Luísa Marilac conta como é a vida de uma travesti e como ela conseguiu se inserir no mercado de trabalho em detrimento da fama momentânea que conquistou com os seus bons drink [sic].

Olá, galera. É um enorme prazer participar do Faroeste e ter a oportunidade de expressar aqui os meus pontos de vista (no plural mesmo) sobre o que diz respeito ao meio LGBT. Mais prazeroso ainda é ser convidado para responder por uma coluna semanal em um site que sempre segui e admirei. Mas por onde começar é a questão. Desta vez começarei pelo começo mesmo. DESTA VEZ. Bem, meu nome é Rafael Berredo e sempre me questionei acerca de várias coisas que eu não via as outras pessoas se questionarem. Como bom aquariano, tenho uma mente bastante inquieta e indagadora e, não dificilmente, me pego em uma explosão de ideias e planos postos num papel na intenção de algum dia concretizá-los. Hoje mesmo me encontrava na iminência de começar a escrever e essa explosão me pegou. Mas sobre o que falar? Por qual assunto iniciar minha postagem? Eis que me deparo com a já famosa no Brasil, Luisa Marilac. Aquela mesma, dos bons drink.
Não é de hoje que me entristece e me estarrece o fato de travestis não ocuparem o mercado de trabalho em funções comuns como quaisquer outros cidadãos ocupam. Mas com ela foi diferente: Colocou a cara no sol e mostrou a força da guerreira que existia ali dentro.


A marginalização de travestis não vem de hoje no nosso país. Basta que procuremos a perseguição que travestis sofriam nos meados da ditadura, quando o delegado Richetti "limpava" o Arouche (SP) das piranhas de tromba. Ora morriam, ora eram torturadas. Mas compartilho da ideia de que o pior era feito quando da tentativa por parte dos militares de masculinizá-las. Tal brutalidade psicológica, moral e social ainda permeia nossa cultura quando vemos travestis excluídas de todos os serviços básicos. Não vemos travestis em escolas porque sofrem a alcunha de pertencer a classe dos diferentes e estranhos. Não vemos travestis em hospitais, salvo quando esfaqueadas ou surradas. Não vemos travestis na política porque os próprios partidos as excluem da oportunidade de poderem representarem-se. Eis que chegamos a uma conclusão óbvia: a sociedade as segrega e elas se auto marginalizam - na tentativa de evitar o sofrimento.
Voltando à Luiza, percebo o quanto ela precisou lutar para se livrar do imaginário poluído da sociedade.


Que exemplo de sobriedade. Que exemplo de simplicidade. Que exemplo de ser humano. Já é incutido na cabeça de uma travesti que a maioria dos lugares não é pra elas. Quantas profissionais brilhantes não estamos perdendo (a exemplo dessa). É nítido nas feições dela o quanto se sente feliz apenas por ser RECONHECIDA COMO UMA TRABALHADORA POTENCIAL. O sorriso dessa mulher, nessa entrevista, vai me fazer dormir muito feliz hoje. Insatisfeito com a realidade em que vivem, mas feliz pela Luiza. Está na hora de enxergarmos as pessoas como pessoas, com uma visão humana, holística, amorosa. Como bem disse a Luíza: Não se pode julgar um livro pela capa! E o que mais me enoja é gente preconceituosa. Sofro socialmente a alcunha de ser "diferente". Mas se fazer parte dos iguais é ser como a maioria das pessoas, prefiro a minha diferença mesmo.


Segue o vídeo da entrevista esmiuçando os pormenores que a fizeram achar um emprego e segundo a própria, deitar sua cabeça no travesseiro com a consciência limpa. Salve as travestis brasileiras. Salve Luiza. Salve a liberdade.




terça-feira, 1 de abril de 2014

     Meu próximo post fala sobre umas das coisas que eu mais ando lendo nos últimos meses: Os Nômades Digitais.
     O prazer de abraçar novas culturas, novos povos e novos lugares é quase novidade por aqui, mas não é de hoje que as pessoas buscam cada vez mais formas de trabalho em que o estresse do dia a dia não consumam tanto sua saúde, seu tempo e seu bem-estar. Foi buscando isso que essas pessoas decidiram mudar sua forma de vida e extrapolar os limites do ser ou não ser produtivo.
     Em meias palavras os Nômades Digitais são pessoas que, cansadas da rotina estressante das grandes cidades e do modelo de trabalho predominante entre quatro paredes de um escritório, resolvem trabalhar viajando pelo mundo. É um movimento que está ganhando inúmeros adeptos e é a mais nova tendência das pessoas que, assim como eu, não curtem esse modelo fechado de trabalho.
     Imagina poder trabalhar de uma vila de pescadores em Grumari, numa cabana nos Alpes Suíços ou  num cafezinho em Buenos Aires. Parece um tanto diferente, mas para os Nômades Digitais é esse o modelo de trabalho ideal. Precisando apenas de um notebook, internet e tecnologia, os Nômades trabalham independente do lugar onde estão e de quebra conhecem vários lugares interessantes.
     É claro que uma dose de coragem e anseio de mudança são necessários para se ter sucesso nessa empreitada, mas toda a experiência faz valer a consequente felicidade de se trabalhar "mochilando". Digo "mochilando" porque o fato de trabalhar viajando o mundo não significa que estejam apenas a passeio. Conheço alguns que trabalham mais de 12 horas por dia e quando perguntados se topariam viver de forma diferente são enfáticos em sua resposta: NÃO!
     De fato, trabalhar 12 horas por dia na beira da praia soa bem mais agradável do que 8 horas trancafiado em um escritório de uma grande metrópole. Mas também há seus pontos negativos. Para os mais apegados, a distância da família e o modelo de trabalho tido como normal incutido nas cabeças dos trabalhadores de hoje são pontos que devam ser levados em consideração. Não para quem não se enquadra nesse modelo de trabalho apático e enfadonho. Não para os Nômades Digitais. Não pra mim. Acredito que com um bom planejamento é possível, sim, ganhar dinheiro viajando. 
     Vamos às estatísticas: O trabalhador atual gasta em média 8 horas trabalhando, mais 2 horas se deslocando para o trabalho, mais 4 horas se alimentando (juntando todas as refeições), 7 horas dormindo, 1 hora se arrumando, dentre outros compromissos esporádicos que surgem todos os dias. O dia passa a ser contado em torno do trabalho e é necessário que se trabalhe, em média, 300 dias no ano para que se tenha direito a 30 dias de férias. Supondo que todos necessitem de 30 anos de trabalho para que se tenha direito à aposentadoria, não parece que a vida seja, de fato, aproveitada com tudo o que ela tem a nos oferecer.
     A intenção de viver (pelo menos a minha) é buscar a felicidade na sua forma mais genuína. Acredito que a intenção de um Nômade também seja essa. E aí? Tá esperando o quê pra buscar o que te faz feliz também? Até porque já dizia Ivan Lins:

"Com força e com vontade
A felicidade
Há de se espalhar
Com toda intensidade"


E assim esperamos!

segunda-feira, 31 de março de 2014

     Após divagar bastante sobre com qual postagem eu começaria meu blog, resolvi começar por onde, normalmente, as pessoas começam: pelo início.
     Bem, meu nome é Rafael Berredo e sempre me questionei acerca de várias coisas que eu não via as outras pessoas se questionarem. Como bom aquariano, tenho uma mente bastante inquieta e indagadora e, não dificilmente, me pego em uma explosão de ideias e planos postos num papel na intenção de algum dia concretizá-los. Hoje mesmo me encontrava na iminência de começar a escrever e essa explosão me pegou. Mas sobre o que falar? Por qual assunto iniciar minha postagem? Fiz o que normalmente não costumo fazer. Sentei na minha cama, coloquei meu notebook do colo, dei um gole no meu suco detox de couve, laranja e gengibre e decidi que a melhor maneira de começar seria me apresentando a vocês.
     Tais explosões de ideias e planos me fizeram por diversas vezes abandonar empregos e cursos que, de início, acreditava serem o que eu precisava, mas percebia que não satisfaziam minhas expectativas. Comecei a fazer Direito e parei. Jornalismo e parei. Administração e parei. Acho que, enfim, me encontrei em Psicologia e não garanto que diga isso daqui três anos. Não que eu ache que todos esses cursos não me acrescentavam em nada. Pelo contrário. Em Direito aprendi a me calar quando necessário - não que eu sempre faça isso. Em Jornalismo aprendi a lapidar meu senso de humor, tanto ácido quanto escrachado. Em Administração não aprendi muita coisa que eu me lembre, mas com certeza há de ter me ensinado algo. Psicologia virou minha paixão, mas não a única e talvez por isso ainda não me sentia totalmente satisfeito.
     Nessas várias puladas de galho e cursos comecei a trabalhar em diversas áreas ligadas a cada um deles e percebi que há um certo glamour em preencher totalmente o seu dia com coisas que não acrescentam em nada à sua auto-satisfação. Nunca se esquecem das reuniões, das planilhas a preencher, das metas a cumprir. E pagam um preço alto por esquecerem do aniversário dos pais, das apresentações escolares dos filhos, de reconhecer a beleza das pequenas coisas e de perceber o valor de ser grato a tudo. Esse valor a ser pago é a felicidade.
     Percebi também que um dos preços a se pagar pelo glamour da agenda cheia é o fato das pessoas sempre se culparem por tudo o que acontece ao seu redor e resistirem ao máximo quando se trata de se auto-perdoar. Não, eu não queria isso pra mim. Não queria ser como alguns colegas de trabalho que derrubavam quem fosse necessário para ser promovido e ganhar um salário R$300,00 mais alto. É uma miséria de aumento comparado ao meu bem-estar mental, emocional e espiritual. Não queria ser refém da ditadura da fluoxetina. Não queria preterir meu convívio familiar em detrimento de nenhuma outra coisa.
    Me encontro hoje no auge dos meus 24 anos (sem piadinhas, por favor) e encontrei no blog uma forma de compartilhar com várias pessoas essa minha inquietude.
     São temas e abordagens variadas que passam pela arte, música, viagens, gastronomia, política, comportamento, fotografia e assuntos que necessitam de demasiada carga criativa da minha parte.
     Devido a essa agitação desenvolvi alguns hábitos estranhos, como sempre trocar o dia pela noite e pirar ao começar um projeto e não conseguir colocá-lo em prática. Pois bem: Eis-me aqui iniciando algo que, por perfeccionismo, sempre protelei.
     Por ter uma ideia de abordar diversos temas que me instigam, sei que muitos não concordarão com algumas das minhas posições em relação a diversos temas. Assumo esse risco na esperança de que me ajudem a acalmar as ideias e me dando outros pontos de vista, até então não enxergados por mim.
     Espero que a grande maioria se identifique com os textos, vídeos e reportagens aqui postadas e torço pra que um dia consigam encontrar essa felicidade que eu encontrei quando vislumbrei outros horizontes.