sábado, 7 de março de 2015



Na última quinta-feira começou minha parceria com o blog www.faroestemanolo.com.br. Devido ser um dos assuntos que mais tem me indignado ultimamente, comecei por falar sobre a realidade das travestis brasileiras. Segue o texto na íntegra e o vídeo em que a, já famosa, Luísa Marilac conta como é a vida de uma travesti e como ela conseguiu se inserir no mercado de trabalho em detrimento da fama momentânea que conquistou com os seus bons drink [sic].

Olá, galera. É um enorme prazer participar do Faroeste e ter a oportunidade de expressar aqui os meus pontos de vista (no plural mesmo) sobre o que diz respeito ao meio LGBT. Mais prazeroso ainda é ser convidado para responder por uma coluna semanal em um site que sempre segui e admirei. Mas por onde começar é a questão. Desta vez começarei pelo começo mesmo. DESTA VEZ. Bem, meu nome é Rafael Berredo e sempre me questionei acerca de várias coisas que eu não via as outras pessoas se questionarem. Como bom aquariano, tenho uma mente bastante inquieta e indagadora e, não dificilmente, me pego em uma explosão de ideias e planos postos num papel na intenção de algum dia concretizá-los. Hoje mesmo me encontrava na iminência de começar a escrever e essa explosão me pegou. Mas sobre o que falar? Por qual assunto iniciar minha postagem? Eis que me deparo com a já famosa no Brasil, Luisa Marilac. Aquela mesma, dos bons drink.
Não é de hoje que me entristece e me estarrece o fato de travestis não ocuparem o mercado de trabalho em funções comuns como quaisquer outros cidadãos ocupam. Mas com ela foi diferente: Colocou a cara no sol e mostrou a força da guerreira que existia ali dentro.


A marginalização de travestis não vem de hoje no nosso país. Basta que procuremos a perseguição que travestis sofriam nos meados da ditadura, quando o delegado Richetti "limpava" o Arouche (SP) das piranhas de tromba. Ora morriam, ora eram torturadas. Mas compartilho da ideia de que o pior era feito quando da tentativa por parte dos militares de masculinizá-las. Tal brutalidade psicológica, moral e social ainda permeia nossa cultura quando vemos travestis excluídas de todos os serviços básicos. Não vemos travestis em escolas porque sofrem a alcunha de pertencer a classe dos diferentes e estranhos. Não vemos travestis em hospitais, salvo quando esfaqueadas ou surradas. Não vemos travestis na política porque os próprios partidos as excluem da oportunidade de poderem representarem-se. Eis que chegamos a uma conclusão óbvia: a sociedade as segrega e elas se auto marginalizam - na tentativa de evitar o sofrimento.
Voltando à Luiza, percebo o quanto ela precisou lutar para se livrar do imaginário poluído da sociedade.


Que exemplo de sobriedade. Que exemplo de simplicidade. Que exemplo de ser humano. Já é incutido na cabeça de uma travesti que a maioria dos lugares não é pra elas. Quantas profissionais brilhantes não estamos perdendo (a exemplo dessa). É nítido nas feições dela o quanto se sente feliz apenas por ser RECONHECIDA COMO UMA TRABALHADORA POTENCIAL. O sorriso dessa mulher, nessa entrevista, vai me fazer dormir muito feliz hoje. Insatisfeito com a realidade em que vivem, mas feliz pela Luiza. Está na hora de enxergarmos as pessoas como pessoas, com uma visão humana, holística, amorosa. Como bem disse a Luíza: Não se pode julgar um livro pela capa! E o que mais me enoja é gente preconceituosa. Sofro socialmente a alcunha de ser "diferente". Mas se fazer parte dos iguais é ser como a maioria das pessoas, prefiro a minha diferença mesmo.


Segue o vídeo da entrevista esmiuçando os pormenores que a fizeram achar um emprego e segundo a própria, deitar sua cabeça no travesseiro com a consciência limpa. Salve as travestis brasileiras. Salve Luiza. Salve a liberdade.




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